quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Reborns


Têm “bebés” e “namoradas” de silicone, a quem chamam companhia.

Os reborns têm o peso de um recém-nascido real, alguns dispõem de um mecanismo que imita a respiração e podem ser tépidos ao toque. Jaime até faz modelos de prematuros, com tubos agarrados ao nariz, como se estivessem nos cuidados intensivos.
*Só posso dizer que é de gente louca, a precisar de internamento com tratamento intensivo. Quem é que na vida real quer filhos doentes?

Os preços podem ir dos 300€ aos 1265€., Tem a agenda cheia de encomendas pagas na totalidade para os próximos 2 anos e reservas, já sinalizadas, para outros 2. Há centenas de adeptas dos reborns. Algumas ligam-se afectivamente a eles: pegam nos seus bebés de silicone ao colo e levam-nos a passear ao parque. E podem gastar centenas de euros em roupas, berços, carrinhos.
*Oh gente, com esse dinheiro alimentam e educam uma CRIANÇA durante um ano, já pensaram nisso???

Outra variável é a namorada sintética.
Felicidade é poder estar sozinho com ela. Não temos necessidade de fazer sexo.
* Não temos é como quem diz, não terá você. Sim, porque não se iluda a boneca não tem necessidades sexuais. Se for é sexo, não espera fazer O AMOR com uma boneca de silicone, pois não?

É bom poder ficar deitado ao lado dela, apreciando a sua companhia, poder olhá-la à luz da manhã, enquanto ela também me contempla.
* Oh sim, estamos já a imaginar ela a contempla-lo com aqueles olhinhos arregalados e reluzentes como peixe morto no mercado. Ai que emoção.

Com ela sei o que esperar, ao contrário do que acontece com as mulheres a sério.
* Ah sim, isso é garantido. Se a fechar no armário, quando regressar ela ainda lá vai estar sossegadita. E surpresa não gritou a pedir socorro. Uau que grande vantagem.

Quer ser enterrado com elas.
* Para quem gosta tanto das suas meninas é uma atitude muito egoísta. Tadinhas das bonecas, que culpem têm que você morra. Não lhes negue a possibilidade de ainda poderem ser felizes com outro ou outros.

As sintéticas batem as orgânicas aos pontos: o sexo é bom, não engravidam, não têm doenças, nunca dizem não, só o têm a ele como dono e não tem de lhe dar satisfações.
* Confirmado, o fulano nunca teve uma relação afectiva e efectiva com uma orgânica.


Uma sociedade que prefere crianças que não choram, não dão trabalho e não crescem, mulheres sintéticas anatomicamente perfeitas, que não negam sexo e não pedem para discutir a relação? Definitivamente, nasci na época errada.





terça-feira, 23 de setembro de 2008

Tempo



O tempo é um bem esgotável.

Não o desperdices.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Decisão


Não sei o que fazer.
E isso para mim é um tormento.
Não gosto desta sensação que me invade quando não sei o que fazer.
Se por um lado acho que devo telefonar, mandar uma mensagem, e tentar que tome uma atitude, que diga algo, que confirme, que negue, mas que fale. Por outro lado é como se estivesse a trair a confiança da minha amiga. Sim, porque se falo com ele a dedução lógica é que ela me contou.
E será que ela quer que eu me meta?
Não sei se quer.
Também acho que não lhe devo perguntar.
Se por hipótese lhe pergunto e ela diz que sim. Falo com ele. Ele abre a pestana e fala com ela. Independentemente da conversa, ela pode ficar com a sensação que ele só falou porque foi pressionado. E isso não é bom, pois não?
Porque é que as convivências são tão complicadas?
E porque é que as pessoas não falam?
Eu já passei essa fase. A fase do eu é que tenho razão, não vou dar o braço a torcer, se quiser que dê o primeiro passo, parto mas não vergo, todas essas parvoíces. E devo dizer que me arrependo de não ter posto esse orgulho de lado. Acabei por perder 2 meses e amargar a vida 2 meses a alguém que tinha tão pouco tempo.
Se há momento em que voltaria atrás, seria esse…indiscutivelmente.


quarta-feira, 10 de setembro de 2008

DAS LEITURAS DE FÉRIAS...




“OLHOS NOS OLHOS” de Júlio Machado Vaz

“Resolvi um problema que me entristecia e arranjei outro que me pôs na merda”.

“- Acha possível chegar aos quarenta com a consciência tranquila?
- Possível, talvez; chatérrimo com certeza.”
“Casamento feliz? Prefiro falar de casamento estável.” (Concordo)
“… é a descrição de um casamento depois da paixão morrer.”
“A convivência diária mata o inesperado, a espera, a tensão, as dúvidas, a fantasia, eu sei lá! E sem isso não há paixão.”
“De sexo estou servida, é de inocência apaixonada que preciso.”
“- Pratico-o (adultério) constantemente. Você só o imagina em hotéis de estrada clandestinos, com sexo apressado, batom nos colarinhos e saias amarrotadas. Que primário! Eu engano o meu marido na sala, enquanto ele dorme no quarto; o sexo não é a fronteira.”

“Hermanita, esse orgulho ainda te sairá caro! Felizmente, sou um homem sensível e sei o que vai nessa alma… o dia foi magnífico e queres repeti-lo. Pois seja: amanhã, pronta para sair às dez.”
“Hermanita, esse orgulho recatado é realmente um perigo público! Pois seja farei eu as despesas da conversa. Ouve: hoje falas-me a dizer que chegaste inteira, depois organizamo-nos por mail e telefone, até conseguir dar um pulo ao Porto…”

“Oui, os eternos triângulos. Tão habituais que me interrogo se os humanos estarão realmente vocacionados para a monogamia…”
“Tornaram-se conhecidas íntimas ou amigas superficiais…”
“…todos temos os nossos timings.”
“…ambas sabemos que os homens podem ter muita experiência sexual, mas precisam de nós para adquirirem alguma sabedoria.”
“… o sexo vive entrelaçado com a vida em geral.”



A CASA QUIETA de Rodrigo Guedes de Carvalho

Alucinante…. Alucinante á a palavra que me vem imediactamente à ideia sobre este romance.
Trata-se de um relato sobre a VIDA, feito de várias perspectivas, sob diferentes pontos de vista, jogando sabiamente com o TEMPO, real e psicológico.
“Acontece que por vezes não esperamos as coisas inesperadas.”

CHÁVENA DE CHÁ




Um monge e filósofo budista vietnamita escreve sobre como apreciar uma boa chávena de chá. Temos que estar totalmente despertos no presente para apreciar o chá. Apenas com a consciência no presente, as nossas mãos podem sentir o agradável calor da chávena. Apenas no presente podemos apreciar o aroma, sentir a doçura e saborear a delicadeza. Se estamos a ruminar sobre o passado ou preocupados com o futuro, perderemos por completo a experiência de apreciar a chávena de chá. Olharemos para a chávena e o chá já terá terminado.
A vida é assim. Se não estamos totalmente no presente, quando olharmos à nossa volta este terá desaparecido. Teremos perdido a sensação, o aroma, a delicadeza e a beleza da vida. Parecerá ter passado a correr por nós.
O passado terminou. Aprendamos com ele e deixemo-lo ir. O futuro ainda não está aqui. Planeemos, sim, mas não gastemos o tempo a preocuparmo-nos com ele. A preocupação é uma perda de tempo. Quando pararmos de ruminar sobre o que já aconteceu, quando pararmos de nos preocuparmos com o que poderá nunca vir a acontecer, então estaremos no momento presente. Só então começaremos a experimentar a alegria de viver…