terça-feira, 5 de agosto de 2008

O CÉU


O céu colabora na nossa vida íntima, vive connosco, acompanha-nos na mudança do nosso ser; é um confidente, é um consolador; invoca-se, fala-se-lhe.
Olhar o céu é, nos nossos climas, uma ocasião de viver:
Instintivamente, voltamos para ele os nossos olhos.
O poeta meridional, cheio de imagens e de cores, contempla-o; o burguês trivial, admira-o; pela manhã, abre-se a janela e vai-se ver o céu!
É um íntimo sempre presente na nossa vida; o nosso estado depende dele: enevoado, entristece-nos; claro e lúcido, alegra-nos; cheio de nuvens eléctricas, enerva-nos.
É no Céu que vemos Deus... E mesmo despovoado de deuses, é ainda para o homem o lugar donde ele tira força, consolação e esperança.
A paisagem é feita por ele, a arte imita-o, os poetas cantam-no.

Eça de Queirós, in 'O Egipto'

1 comentário:

GIRASSOL disse...

Sem dúvida, o céu é como o sol... uma imensidão de prazer!